terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Saudade é amor que fica

Ouvi o título deste post em um círculo feminino. Para quem não conhece o que são os círculos femininos, recomendo visitar o blog da Ana Andrade, irmã de caminhada nesta seara, e pessoa com conhecimento e desenvoltura para falar sobre o assunto. Sou seguidora do blog dela. Clã Filhas da Lua.
Bem, fonte revelada, hoje estou assim. Cheia de amor que fica...
Que fica, que fica, que fica cutucando meu pobre coraçãozinho!
Lembrando o quanto é lindo, e o quanto é duro amar alguém.
Ninguém conta a parte ruim nos contos de fadas.
As meninas crescem achando que vão encontrar uma bruxa má, no máximo, entre elas e seu príncipe. Mas a bruxa má, na real, é tão boazinha... Às vezes, merecem até um trofeu de melhor amiga, melhor professora, melhor esposa do bairro... Bruxinhas safadinhas, disfarçadas de cordeiros! Às vezes, nem feiosas são. São bem bonitas, até mais bonitas do que a princesa...Pelo menos, a embalagem.
O Lobo Mau, no máximo, vestia a roupa da vovozinha, mas a Chapeuzinho Vermelho conseguia ver o nariz grande, os olhos grandes, os dentes grandes... Nem a Chapeuzinho caiu na conversa do Lobo, acabou salvando a vovozinha e ficando com o Lenhador!
Aliás, bem que as bruxas poderiam parar de me perseguir e o Lobo Mau começar a me visitar mais seguidamente, porque oh Lobo com mania de grandeza, esse! Vai saber...hehehehehehe!
Voltando ao assunto saudade, porque o texto tomou uns rumos meio psico-fabulo-eróticos, a minha saudade é das piores...
É daquelas que lembram que a vida tem vida própria, que o coração é puro sentir, que não há razões para amar, que o amor acontece...
E acontece nem sempre quando a gente quer.
Quando a gente pode.
Quando tudo está certo e organizado na vida.
Acontece e pronto.
Durma com esse barulho!
Minha saudade é de amor erótico, vocês já podem ter percebido a essas alturas.
É de um cara, pronto, falei! Tipo aquela publicidade daquela operadora de telefonia cujo nome não pode ser citado para evitar processos.
Pronto, falei! Toh com saudade de um cara e fui pega desprevenida.
Só posso esperar: ou amor passar, ou a saudade passar e o amor vir me visitar.
Sei lá.
O que vier primeiro.
ps: ou o Lobo Mau me ligar! Quem sabe...

Observatório em tempo parcial


Nada como ficar sentadinha esperando um voo para fazer um pequeno estudo da natureza humana.
Agora, neste momento, tem um senhor me olhando com cara de pavor. Deve estar pensando: que tanto essa criatura escreve nesse computador?
Sim, amigos, eu não tenho um tablet. Ainda uso um jurássico note... Nunca vi como tudo em tecnologia vira jurássico tão rápido.
Olho mais a frente e vejo um rapaz balançando o pé com muita raiva na frente de uma locadora de veículos. Não deve ter gostado da proposta da locadora, deve estar pensando que a empresa para qual ele trabalha não vai gostar do valor da nota, ou  franquia do seguro deve ser absurda, ou pior, não reservaram o carro que ele pediu e só têm carros sem ar condicionado. O calor lá fora é típico do dezembro sulista.
Vejo alguns silenciosos e discretos nipônicos passando... Nem sei como os vejo, pois são sempre tão calmos e constritos que dá para entender como o Bruce Lee era um bom ninja.
Temos já uma família bem brasileira passando após os amigos orientais, muito barulhentos e gesticulentos! Estão brigando, acho que a menininha queria mais sorvete. Está gordinha por algum motivo, né?
Apesar de ser uma terça-feira, vejo mais famílias do que trabalhadores solitários, como é o meu caso.
Aliás, mulheres trabalhadoras solitárias ainda não são maioria nesse aeroporto, pelo menos.
Ok, ok, estou em Florianópolis. Destino turístico. Início das férias. Tudo está sob controle.
Já ia começar a ficar deprimida, pensando no por quê de não existirem tantas mulheres quanto homens que viajam a trabalho por si sós.
Mas ainda acho que há disparidade nesse quesito.
Também, se não for assim, a esécie vai se extinguir. Quem vai ter filhos? Os homens ainda não podem ser mães...
Vejam lá que tudo tem um porquê, mesmo que seja a boa e velha diferença sexista. Já nem sei se devo dizer que é assim, porque concordo que os homens devem assumir seu lugar de liderança na sociedade.
Ah, tah, mulher leitora, vai dizer que você gosta de homem banana?
Concordo que a mulher que quiser ser uma profissional de sucesso deve fazer alguns sacrifícios, sim, lutar muito, estudar muito, em pé de igualdade com os homens.
Entretanto, a maternidade diminui o ritmo da mulher, e ainda não são todas as mulheres que abrem mão dessa parte da vida, a parte mãe.
Há mães no aeroporto, bebês no carrinho, mas elas ficam, os papais vão pra caça! Hehehehehehe!
Já estou hipoglicêmica, lembrei que esqueci de almoçar. Antes que eu receba uma vaia da comunidade feminista, vejam bem, estou apenas narrando o que está ao meu redor. Não tenho culpa se vejo mais engravatados que a turma do saltinho.


Moça(o), aceita um brinde



Eu sei, eu sei. Não deve ser fácil trabalhar como vendedor de revistas em uma era digital como esta em que vivemos.
Quem vai querer assinar um periódico se quase todas as notícias, textos, reportagens especiais estão na íntegra na WWW?
E se não estão, alguém tem a fonte. Sempre tem um amigo que paga a assinatura digital de alguma dessas mídias, ou seja lá como se chama o site do periódico. Digitalês não é meu forte, creiam nisso!
Mas o tema de hoje é a chatice de você estar caminhando em um aeroporto e alguém começar a te chamar do nada “moça(o), senhor(a), aceita um brinde?”
Se você está de sangue doce, amigo leitor, vai acabar caindo no conto do vigário.
Uma vez eu fiz dessas. Estava com tempo, resolvi aceitar o “brinde”.
Fui até o rapaz que gritava ensandecido e descobri que se tratava de uma oferta de assinatura de três revistas que nem me interessavam.
O “brinde” era uma edição de qualquer revista da Editora X, chamemos assim, para evitar processos (sim, já os tenho em número suficiente – não contra mim, não esqueçam que eu advogo por profissão). Mas, para levar o “brinde”, eu teria de aderir à promoção do Seu Moça, Moça, chamemos assim o vendedor da editora.
Pelo menos ele me chamou de moça, pior é quando me chamam de senhora! Nada contra a boa educação dos rapazes, mas eu tenho 27 anos, prefiro que sejam um pouquinho mal educados, nesses casos...
Bem, eu não sei quanto a vocês, mas fiquei muito braba! Onde já se viu captar clientes oferecendo um brinde que não é brinde coisa nenhuma!
Política péssima dessas empresas.
Aliás, gostaria muito de um dia ouvir dados concretos, analisados e explicitados por qualquer responsável pela unidade de marketing das grandes empresas para saber a efetividade deste tipo de publicidade, bem como do telemarketing.
Todo mundo odeia telemarketing!!!
Eu mesma não conheço muitas pessoas que aceitem as promoções de telemarketing. Aliás, conheço pouquíssimas pessoas que se dão ao trabalho de ouvir os operadores.
Mas também pudera.
Esses dias eu estava semi-acordada quando a operadora de telefonia móvel me ligou oferecendo uma promoção de uma maneira tão maluca que eu autorizei receber a proposta por e-mail, e, na realidade, ouvi, ao final da ligação, parabéns pela compra!
Mas eu não havia comprado nada! Havia aceitado receber uma proposta por e-mail!
Pessoal, a guerra para que a gente consuma desenfreadamente anda tão maluca que estamos enlouquecendo junto.
Por essas e outras passei a não ter mais nenhuma sentimento de piedade pelos Seu Moça, Moça; pelos operadores de telemarketing, sei que estão trabalhando, porém pela minha saúde mental finjo que sou surda, cega ou doida!
Passo reto! Bato o telefone na cara dos telemarketing toda a vida! Azar é de quem me acha mal educada.
O velho boca a boca de cliente para cliente é que funciona de verdade.
Pra mim, nada de Moça, Moça. E se for Senhora, Senhora, então... Prefiro não comentar!!!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Pequenos rituais para viver o presente

Esses dias eu fiquei pensando sobre como a gente atravessa a vida naturalmente sem perceber o momento em que uma fase acaba e outra inicia.
É mais ou menos assim: não dá pra precisar que até os onze anos e 364 dias você era criança, com doze virou adolescente, com vinte e dois adulto, etc., etc., etc.
Você se lembra do dia em que se deu por conta que não era mais criança? Esse dia existiu, por certo, mas aposto que você não celebrou, não fez um pequeno ritual, ou os adultos a sua volta também não fizeram.
Quase ninguém celebra essas coisas, e é por essas outras que a vida passa batido.
Nessas horas, admiro os índios: eles têm rituais para tudo.
Nasce um indiozinho, toda tribo cumprimenta os novos pais (até aí, bem, somos parecidos: a gente costuma visitar as novas mães e seus bebês no hospital).
O indiozinho cresce e vai para a primeira caça, mais um ritual.
A indiazinha tem a menarca, outro ritual.
E por aí vai.
A grande diferença é que os índios cultuam esses rituais de uma forma sacra, eles levam a sério, internalizam o momento. Curtem, simplesmente.
O nosso problema, como homens civilizados, foi banalizar tudo, achar que é só mais uma fase, só mais um momento.
Mas o que é a vida, afinal, senão uma sucessão de pequenos momentos importantes?
Eu mesma criei um pequeno ritual de celebração que mede três centímetros e me acompanha até o dia de minha morte: uma tatuagem no lado esquerdo das costas. Pensaram que era o quê, cabecinhas medonhas? hehehehehehhe!
Teve um dia em minha vida que eu estava sentada na sala de casa, lendo o jornal, e me caiu a ficha. Ou completou o download, como queiram, ultrajovens que estiverem lendo este texto.
Senti que a adolescência tinha acabado, eu já não era mais a mesma, senti que era uma mulher. Por tudo o que vivera, até aquele momento. Eu tinha 24 anos, neste dia.
Resolvi tatuar o ideograma chinês "mulher", marcando para sempre aquele momento. Pra mim, foi um instante muito rico.
Até hoje ouço piadinhas pela escolha do ideograma, do tipo, "ah, tá, se você não tivesse essa tatuagem, eu jamais saberia qual o seu sexo".
Que bobagem, mas eu entendo.
Entendo porque o momento era meu, e esse foi meu ritual de celebração.
Cada um pode ter seus rituais, mas seria tão bom para uma existência plena se todos os tivessem...
Pequenos rituais para viver o presente, para estar consciente.

Se for mergulhar, exija chamada!

Sim, este sábado eu passei na companhia do Bono, meu gato que não foi resgatado pelos Bombeiros, e da televisão.
É mais ou menos como aquela música do Capital Inicial "já estou tendo tevê como companhia...".
Mas não reclamo, porque me diverti, apesar da péssima escolha de filme "relax" para um sábado quentucho de mormaço que só faz aqui no Sul... Santa umidade!
Bem, o filme da vez foi Mar Aberto. O filme é ótimo, não me entendam mal, mas não é nada relaxante...
Para quem gosta de aventuras em alto-mar, como eu, é uma espécie de alerta.
É o seguinte: um casal resolve tirar férias em um daqueles paraísos tropicais e, após terem feito curso de mergulho, pré-férias (coitadinhos, pensaram em tudo...), embarcam para o alto-mar e, olha só que tri, o dono do barco erra na contagem de passageiros e esquece o casalzinho feliz no meio do Mar Aberto!!!
C-R-E-D-O!!! Nada pode ser pior. Ou pode?
Imaginem só, vocês olham para todos os lados e só veem água, água, água e... tchanam! TUTUBAS!!! Muitos tubarões famintos louquinhos para degustar perninhas de mergulhador...
É claro que poderia pior: virar uma isca humana.
Eles ficam cercados de tubarões! É horrível!
Têm hiportemia, passam fome, sede, embarcações navegam perto deles e não os veem, é a treva!
E o melhor: o filme é baseado em fatos reais.
E o pior: tem uma cena em que o casal está no hotel, o cara vem cheio de amor para dar para o lado da esposa, tipo, clima de férias tropicais, muito love, e o que a mulher diz? "Ai, amor, não tô no clima..."
Mal sabia ela o que o destino lhe reservava.
Por essas e outras o negócio é dar vazão ao amor, meus caros.
Eu já mergulhei três vezes em alto-mar e me lembro de ter sido realizada chamada apenas uma vez.
Felizmente, sempre voltei do mergulho antes de todo mundo subir para a embarcação, vai que me esquecem, né...
Vale a pena ver, mas dá um leve desespero, tipo aquela mesma música do Capital Inicial que já falei antes.
Indico!

Se nos anos 80 o celular fosse popular, o que seria do Cujo?

Gosto muito do Stephen King. O cara é o mestre do terror.
Algum de vós já assistiu ao Cujo?
É um filme bem TENSO, porque é daqueles que você sabe que, embora tenha todas as tintas da arte do cinema, poderia acontecer "na vida real". Ui, que medo!
O filme é baseado no livro homônimo de Stephen King, o qual, diga-se, é muito mais trágico, e bem mais assustador.
É a historia de um doce São Bernardo, chamado Cujo, que, após ser mordido por um morcego e ser contaminado por raiva, vira o capeta! Quem mandou não vacinar o bichinho?
Imagina um cachorro de, sei lá, 60kg-70kg, totalmente furioso? Com certeza, pode atacar um adulto e levá-lo a morte. E ele ataca, como ataca!!!
Mas, bem, assistindo ao filme, nas cenas finais, uma mulher e seu filho ficam presos dentro de um Ford Pinto amarelo (que pitoresco, né?), com o Cujo cercando-os do lado de fora, batendo no carro, quebrando os vidros, arrancando a maçaneta, e os coitados presos, indefesos e... INCOMUNICÁVEIS!!!! ELES NÃO TINHAM UM CELULAR!!!
Se Cujo fosse filmado nos dias atuais, no mínimo, a linha do celular deveria ser fornecida por uma daquelas operadoras maravilhosas que nunca têm sinal em lugar nenhum, ou o celular ficaria sem bateria, essas coisas.
Do contrário, uma ligação resolveria tudo, ou várias...
Se fosse no Brasil, várias, né? Já experimentou ligar para a Brigada Militar e contar que você está em apuros? Vai demorar para surgir alguém...
Bombeiros, então, iriam fazer o que fizeram comigo quando pedi ajuda para resgatar meu gato de cima de uma grade: "Moça, a Petrobrás está pegando fogo, se eu for tirar o seu gato da grade, todos nós vamos explodir". FALA SÉRIO! Cujo no Brasil, sim, seria assustador: um celular fora da área de cobertura, e, quando o sinal pega, ninguém vem te resgatar! Vai virar papá de au-au, galera!hahahahah!
Porém, desde que o Cujo passou a fazer parte do meu repertório cinéfilo, passei a respeitar meu celular. Como pude viver tantos anos sem você, maravilha da comunicação?
Um viva ao celular e a vacina anti-rábica!

Um pouco sobre bloqueios criativos

Nos últimos capítulos, eu entrei na fase de bloqueio criativo.
Nunca entendi muito bem essa coisa de criatividade estagnada.
Acho que tem muita relação com o fato de você estar desconectado com sua alma.
Alma, eu digo, no sentido de quem você é de verdade.
Quando estamos voltados demais para o cumprimento de expectativas alheias, é difícil manifestar alguma coisa que seja criação sua, única, gerada com os recurssos da tua imaginação, com base nas tuas vivências.
Não dá para criar com a cabeça cheia de "dever fazer algo".
Para criar, é preciso querer fazer algo, e depois assumir de forma comprometida a "criatura".
Criar é uma ação. Pode até nascer no pensamento, mas é preciso fazer algo para que a criatura surja, seja ela o que for: um texto, um jardim, uma casa, um filho...
É, talvez eu estivesse passando por um período meio introspectivo, muito mental, pouco resolutivo.
Estou aqui, de novo. Meus textos são a expressão máxima de minha criatividade, por enquanto.
Quem sabe eu não passe, de repente, não mais que de repente, a plantar? Ou dançar? Quem dirá...
Outros bloqueios virão, como as marés, que vem e que vão.
Não há motivos para crises.
Na vida, afinal, a única certeza é a mudança.
E vocês, como andam seus bloqueios criativos?

Minha primeira decepção com a Martha Medeiros

Sou fã da Martha Medeiros. Admiro-a. Considero que ela seja uma das melhores cronistas do Brasil. É contemporânea, culta, sensível, autêntica.
Mas a crônica de hoje da Martha Medeiros, na Zero Hora, cujo título é "O Caso Rafinha", não me agradou.
E isso é muito, muito raro, para mim, em se tratando dos textos dela.
Detesto o CQC e todos os programas desse gênero, porque se trata de um tipo de humor muito pobre, e, nesse aspecto, concordo com a Martha quando afirma no referido texto de hoje, que é um humor que humilha, coisa de guri bobo. E é mesmo. E olha que eu me considero uma guria boba e tenho até receio de criticar a Martha, porque não tenho um milésimo do conhecimento e cultura que ela possui.
Acho que nem poderia estar me referindo à autora nesse tom de intimidade, de tanto que admiro Martha Medeiros. Mas leio os textos dela há tempos, quase me sinto amiga da autora. Hehehehehe!
Quem sou eu para criticá-la? Contudo, hoje me sinto autorizada para tanto.
Isso porque não achei nenhum exagero da Wanessa Camargo quando resolveu processar o Rafinha Bastos por ele ter afirmado, no meio das bobagens típicas do programa CQC, que ela é tão gostosa que ele "comeria ela e o bebê".
Também concordo com a autora quando afirma que toda mulher grávida se sente sacralizada, condição, aliás, adquirida pela própria postura de nossa sociedade cristã ocidental, que criou o mito da Santa Mãe, a partir de Nossa Senhora.
Mas a questão não é essa.
Não concordo com a autora em um ponto específico, quando ela diz que tal piada idiota foi dita no contexto do programa, e que não deveria ser interpretado com tamanha ofensa por parte da cantora.
Deveria sim!
Não sou apologista da indústria do dano moral, mas na condição de advogada, embora admita que tenho falhas como qualquer ser humano, luto sim por justiça social, por uma sociedade na qual o respeito pelo outro e por si sejam combustível de relações mais harmônicas e saudáveis. Quiçá, sejam o fundamento de uma nova cultura em nosso país, de ética e de autenticidade.
É inaceitável que este tipo de mídia tenha tanta audiência e divulgue posturas preconceituosas e vexatórias.
A questão não é a sacralização da maternidade, mas o respeito à mulher, principalmente àquela que se compromete a mudar toda a sua vida para dar vida a um novo ser.
Não foi uma simples piada, não.
Foi de muito, muito, muito mau gosto, extremamente ofensiva, desnecessária, aliás, como 99% do humor produzido no CQC.
E em nenhum contexto acho essa piada engraçada, dentro ou fora do CQC.
Não sou feminista, sou feminina. E ficaria muito ofendida se estivesse no lugar da Wanessa Camargo, sendo reduzida a um pedaço de carne em cadeia nacional.
Também não sou fã da Wanessa Camargo, sequer acompanho o trabalho dela, mas compartilho a indignação da ofendida.
Para mim, a postura de Wanessa Camargo contribuirá para que a produção e edição do programa, no mínimo, revejam a pauta.
E, por fim, achei o texto de hoje, no fundo, um pouquinho bairrista, no final das contas.
Amenizar a conduta do Rafinha só porque ele é gaúcho, sacam?
Nada a ver. E espero que a ideia não tenha sido esta, porque ouvi muitos amigos ficarem chateados porque o gauchinho saiu da pauta... Saiu porque mereceu.
Como mulher e como gaúcha, acho que ele desmereceu nosso Estado, inclusive, pois se espera tanto que os gaúchos sejam éticos e politizados, não é mesmo? Bem, isso também é outro mito, sobre o qual um dia irei escrever nesse blog, pois foi-se o tempo dos gaúchos politizados, fala sério...
Bueno, apesar de não ter gostado do texto de hoje, a Martha Medeiros continua sendo um modelo para mim, alguém que sempre irei admirar, porque, inclusive, achei extremamente corajoso da parte dela olhar o texto na visão do contexto.
Só uma cabeça muito arejada pra fazer isso, mas sabem, pra mim, quero mais é a extirpação desse tipo de afirmações!
Abaixo ao mau gosto humorístico e às guerras sexistas!
Um brinde ao respeito ao ser humano, por favor!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A bela Prima Vera

Eu não sei quanto a vocês, meus caros, mas eu tenho um apreço especial pela Primavera.
Quando o finalzinho de Setembro vem chegando, parece que uma bela moça, a Prima Vera, vem me visitar.
Imagino a Prima Vera como um moça jovem, perto dos vinte anos, cheia de sonhos, de curvas já definidas, em um lindo vestido estampado (de flores, é óbvio), com um largo sorriso no rosto.
Não consigo imaginar uma Prima Vera homem, porque essa é uma estação sutil como uma mulher, e tão encantadora como só nós, mulheres, podemos ser.
Ela vem trazer a brisa fresca de sonhos renovados.
Ela vem trazer fertilidade para a Terra, e para nossos corações.
O Sol brilha, mas é gentil. Não queima, não arde, aquece, apenas. Com um pouco mais de intensidade, é claro.
Sei lá, parece que até o ar tem um som diferente, porque, afinal, tudo está desabrochado na nossa volta.
Eu ando pelas ruas e vejo pessoas mais soltinhas, caminhando pela manhã, quando estou indo para o trabalho. As árvores no caminho estão lindamente floridas, e até meu casal de periquitos australianos parece mais canoro...
Que sensação é essa... Talvez, renovação. Esperança. Ou, simples alegria.
Alegria das Flores! Eu tenho um apreço especial por essa minha Prima Vera!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Não Positivo

Parece até contraditório o título deste texto. Não Positivo? Como assim? 
Explico.
Acho que faz cerca de três anos que fui ao show da Alcione que teve na FIERGS, em Porto Alegre, com meus pais.
Sou fã da Marrom: voz forte, afinada, ritmo gostoso, samba de amor, de letras que dói o coração quando a gente se identifica com algumas delas... E quem não teve lá as suas pequenas dores de cotovelo, né?
Voltando ao não positivo, teve um momento do show em que a Alcione, antes de cantar um desses sambas tristes, disse a seguinte frase, que nunca esqueci: Cuidado com os seus desejos, eles podem se tornar realidade!
Alguns vão pensar "mas que bobagem, se desejo muito é porque deve ser bom para mim, ué?!".
Nem sempre, cara pálida! 
A vida, ao fim e ao cabo, é um grande mistério.
Não pedimos para nascer, e quando chega a hora de morrer, não queremos partir.
Temos tantos desejos, e muitos deles sequer são tão nossos assim.
Às vezes, apenas desejamos algo por espelhamento, porque acreditamos que se foi bom para alguém que é importante para nós, será bom para nós mesmos. E isso eu falo em âmbitos gerais: um carro, uma roupa, uma profissão, casar com ciclano(a), essas coisas...
Às vezes, a melhor coisa que pode nos acontecer é um sonoro NÃO!
NÃO quero me casar contigo!
NÃO, você não serve para esta vaga!
NÃO, neste modelo, loça, não temos o seu manequim!
NÃO, eu NÃO te amo!
O não, mesmo dolorido, pode ser um grande portal para um campo de novas possibilidades.
Basta que você saiba pegar o feeling da oportunidade, na situação específica.
Já o SIM, muitas vezes, pode ser o princípio do seu fim: fim da motivação, fim da autoconfiança, fim da autenticidade.
Por isso, concordo com a Marro: Cuidado com aquilo que desejas, pois pode se tornar realidade.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Do Livro Valorize sua Carreira - como ter uma trajetória profissional de sucesso

Dicas do livro da RBS Publicações (Coordenador Pedro Haase Filho, Porto Alegre, 2003, p. 74), cujo título é Corra atrás de seu sonho - vale a pena refletir:
Esteja certo de que, para alcançar uma meta, o profissional deve traçar uma estratégia: ter claro o que quer para a carreira e o que vai ser feito para chegar lá. É preciso fazer uma avaliação detalhada de como a empresa pode contribuir para o desenvolvimento pessoal e profissional e em que medida o trabalhador poderá atender os valores do empregador. Na busca da empresa dos sonhos, o ponto-chave é construir uma relação de trabalho em que ambas as partes sintam-se satisfeitas em quatro necessidades: econômica, intelectual, espiritual e social. E, para pleitear uma vaga, é preciso estabelecer uma rede de informações sobre a empresa. Informação é tudo na conquista de um trabalho na empresa dos sonhos, à medida que será por meio dela que o candidato vai definir como ter acesso à vaga. Ou seja, descobrir como as contratações são encaminhadas, quem pode decidi-las e o perfil desejado. A busca exige empenho, pesquisa e, de preferência, bons contatos pessoais que possam orientar sobre as ferramentas de contratação utilizadas pela organização almejada. É importante estar ciente também de que o mercado valoriza profissionais arrojados, que mostram iniciativa, desenvoltura, espírito empreendedor e dedicação aos objetivos propostos. Como é possível o profissional não ser contratado na primeira seleção, é importante o aspirante a uma nova oportunidade estar preparado para enfrentar reprovações e não desanimar. Uma tentativa malsucedida deve resultar na análise do que aconteceu e na reestruturação do que for possível para uma próxima chance. Para quem está iniciando no mercado de trabalho, não atender aos requisitos da empresa pode ser um fator de crescimento. Os bem-sucedidos usam estas experiências como oportunidades. Os fatores que não atendem às exigências devem servir de informações e podem indicar o mapa da mina.

Felicidade no prato

Sabem, em alguns momentos da vida eu acho que seria bem legal se eu pudesse voltar a ter o corpinho seco que tinha na adolescência, e posso passar dias apenas tomando shake diet... MENTIRA!!!
Não posso! Eu amo comer, muito mais pelo momento de reunir-me com a família, com os amigos, naquele clima bom de "huuummm, o que será que tem de almoço hoje"?
Como é bom, naqueles dias em que todas as iniciativas deram errado, que até o Correio atrasou, dar aquela paradinha para almoçar e relaxar...
Pode ser em casa, com a família, ou com os amigos, colegas, qualquer companhia legal.
O clima é o que importa: as tiradas engraçadas, as notícias boas, os projetos compartilhados, as novidades interessantes que a gente deixa para contar somente naquele momento... Essas coisinhas...
Talvez, se eu comesse mais vezes sozinha, seria mais magra. Mas, por outro lado, seria muito mais chata, porque o ritual da refeição é muito divertido!
E como é gostoso sair para jantar, com os amigos, com o amor das nossas vidas...
Jantar a dois, que delícia...
Sei lá, acho que, para mim, o prazer do paladar abre o prazer de viver !
Cheirinho de temperos, saladinha crocante de tão nova, uma boa carne, um prato de macarrão...
Não é por nada que estou em controle de triglicerídeos e colesterol ruim, mas até isso está sendo uma diversão: vou a feirinha, compro frutas novas, vejo as vovós escolhendo verduras e penso como seria bom almoçar com elas, ouvir as historias de quando seus filhos eram pequenos, e adoravam os dias de bolinho de batata...
A mágica à mesa!
Por isso, concordo quando alguém trata a comida como uma coisa sacra, porque, realmente, é divino poder saborear algo preparado com amor.
Me tirem todos os bens, mas, por favor, mantenham meu paladar intacto!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sobre a Waris Dirie

O texto Flores do Deserto teve algumas repercussões interessantes. Todas as pessoas que leram o texto, ou com quem eu falei sobre o filme "Flor do Deserto" interessaram-se pela historia da protagonista Waris Dirie.
Assim, achei legal fazer constar o que Wikipédia tem a nos dizer sobre essa mulher de quem virei fã:
Waris Dirie é uma modelo somali nascida em 1965 que, com três anos de idade, sofreu mutilação genital feminina. (A prática faz parte da cultura da Somália e consiste em arrancar o clitóris junto com os grande e pequenos lábios e depois a genitália é custurada, restado uma grande cicatriz e um pequeníssimo orifício. O procedimento é realizado de forma precária e sem condições ideais de higiene e assim, muitas meninas morrem de hemorragia ou infecção. A justificativa para este ato brutal é que isso torna a mulher pura para o casamento e preserva a virgindade e sem isso, ela não poderia se casar. Quando do casamento, o marido reabre a genitália com uma faca para poder penetrá-la.) Waris Dirie fugiu da aldeia em que vivia com a família aos 12 anos de idade, um dia após saber que seria obrigada por seu pai a se casar com um homem de 60 anos, do qual seria a quarta esposa. Na época, atravessou sozinha um dos desertos somalicos inteiro, sofrendo com fome e sede e ficou com vários ferimentos nos pés, dos quais até hoje tem cicatrizes. Conseguiu chegar até a capital de seu país, Mogadíscio, onde encontra a sua avó que após algum tempo conseguiu que sua neta fosse levada a Londres para trabalhar como faxineira na Embaixada da Somália. Passou a adolescência apenas trabalhando na Embaixada, sem sair da casa onde esta se localizava, por isso mal aprendera a falar o idioma inglês. Após o término de uma Guerra na Somália todos da Embaixada foram convocados a retornar ao país. Waris Dirie foge pelas ruas de Londres e com ajuda de uma mulher, que tornou-se sua amiga, conseguiu emprego como faxineira em uma lanchonete. Lá, enquanto trabalhava, foi observada por um grande fotógrafo que a lançou no mundo como modelo. Waris Dirie converteu-se numa defensora da luta pela erradicação da prática da Mutilação Genital Feminina e atualmente é embaixadora da ONU. Escreveu vários livros sobre suas vivências e foi tema de um filme "Flor do Deserto", lançado em 2010 no Brasil. Existe uma fundação com seu nome.

Nostalgia boa

Uma vez li um texto da Martha Medeiros que me fez virar fã de Nei Lisboa. O texto era inspirado na música Primeiro Amor, que tem uma letra com uma tirada que você acaba tendo identificação imediata.
Tem uma estrofe que diz assim: "Fosse por mim, era lei, cada paixão que eu guardei, se eu precisar tava ali, tava como eu deixei, pronta para amar uivando, louca pra dizer que sim e sim mais uma vez".
Imagine só se fosse possível voltar e reviver aquelas paixões ardentes da adolescência, quando a gente pensa que pode até morrer de amor!!!
Mas voltar de verdade, com a mesma intensidade, podendo sentir tudo de novo...
Sabe aqueles dias em que você está meio cinza, meio blue, como se diz em língua inglesa, em que você esquece que o mundo pode te maravilhar de mil formas? Nesses dias, seria legal voltar no tempo, naquele mesmo corpo adolescente, na mesma vibração, na mesma vibe.
Não dá, né, mas essa nostalgia vale.
Enche o coração de alegria.
Quando eu lembro dessas paixões, desses momentos, eu o sinto o amor me inundar, e nem quero saber se dá, ou não, pra viver tudo de novo, porque já vivi no coração. De novo.

Evitar julgamentos

É muito difícil aprender se você julga.
É impossível amar com julgamentos.
Nos últimos capítulos, estou lendo "Antes que você morra - Revelações sobre o Caminho Sufi", do homem que ficou conhecido como Osho.
Para mim, de todo o conteúdo do livro, o qual ainda será comentado em outros textos, a lição mais bonita é esta estória do capítulo "Não Julgueis":
Um jovem veio a Dhun-Nun e disse que os Sufis estavam errados, e muitas outras coisas mais. O egípcio tirou um anel do dedo e lhe entregou: 'Leve isto para os mascates e veja se pode conseguir uma peça de ouro por ele', disse. Ninguém no mercado ofereceu mais do que uma só peça de prata pelo anel. O jovem trouxe o anel de volta. 'Agora', disse Dhun-Nun, 'leve isto a um verdadeiro joalheiro e veja o que ele pagará'. O joalheiro ofereceu mil moedas de ouro pela pedra. O jovem ficou assombrado. 'Então', disse Dhun-Nun, 'seu conhecimento sobre os Sufis é tão grande quanto o conhecimento dos mascates sobre joias. Se você quer avaliar pedras preciosas, torne-se um joalheiro'.
Ou seja, caros amigos, temos de outorgar autoridade para que as pessoas possam nos auxiliar no processo de aprendizagem e vivência, sejam elas quem forem. Aliás, os animais, as plantas, os minerais, tudo o que nos cerca tem algo a nos dizer. Os mascates, nesta estória, nos ensinam a estar atentos, e os joalheiros nos ensinam a buscar sempre o sentido das coisas.
A sabedoria está no todo, é impossível dizer-se sábio conhecendo apenas partes de uma história. 'Todo o julgamento é errado porque o mundo todo está tão profundamente interligado que, a menos que você conheça o todo, não poderá conhecer a parte. O momento presente está interligado com todo o passado; o momento presente está interligado com todo o futuro' (Osho, 1982, p. 39). 
Para mim, isso faz muito sentido: não olhar para pequenos fatos externos e ficar fazendo conjecturas instantâneas, basta deixar que o mundo te supreenda, a vida sempre te surpreende!

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Lei do CADASTRO POSITIVO

Desde 10/06/2011 está em vigor a Lei Federal nº 12.414, que disciplina a formação do cadastro positivo de crédito para pessoas físicas e jurídicas.
Mas o que seria esse tal cadastro positivo?
É um banco de dados com informações sobre o "pagamento em dia de contas", tanto de pessoas físicas, quanto jurídicas, com a  finalidade de formar um histórico de crédito.
Assim, se você é um bom pagador, as taxas de juros de um financiamento serão menores, e esse cadastro poderá ser consultado pelas instituições financeiras, no momento da análise de crédito.
Sabe-se que um dos fatores de aumento da taxa de juros é o risco de a instituição financeira não receber o pagamento pelo crédito concedido.
Logo, com o cadastro positivo, a finalidade é diminuir esse fator na composição dos juros.
Claro, a lei não está regulamentada ainda, a forma de sua implementação não está definida de todo, mas as regras primordiais já existem e são bastante coerentes.
Na reportagem "Governo sanciona com vetos lei do Cadastro Positivo", de Alexandre Martello, disponível em http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2011/06/governo-sanciona-com-vetos-lei-do-cadastro-positivo.html, temos um resumo das principais regras estabelecidas pela referida legislação.
Achei uma síntese bem interessante, lá vai:
 
Como será:
1) Os bancos de dados terão registradas as informações sobre o histórico de pagamentos do consumidor (pessoa física ou jurídica).
2) Se ele deixar de pagar uma conta por um mês, por exemplo, não sairá do cadastro positivo, mas terá essa informação registrada em seu histórico. O consumidor poderá solicitar impugnação de qualquer informação "erroneamente anotada" sobre ele e ter, em até sete dias, sua correção ou cancelamento e comunicação aos demais bancos de dados.
3) Para a abertura do cadastro positivo, o consumidor terá de dar autorização por meio de um documento específico ou de uma cláusula à parte em um contrato de financiamento ou compra a prazo, por exemplo.
4) As informações incluídas no cadastro devem ser objetivas, claras, verdadeiras e de fácil compreensão, “necessárias para avaliar a situação econômica do cadastrado”.
5) O compartilhamento de informações entre os bancos de dados só será permitido se for autorizado pelo cadastrado em documento específico ou cláusula à parte de um contrato de compra.
6) Se quiser, o cadastrado incluído na lista poderá cancelar seu cadastro.
7) Os gestores dos bancos de dados serão obrigados a fornecer ao cadastrado todas as informações que houver no cadastro.
8) O cadastrado terá direito de saber quais os bancos de dados que compartilharam seus arquivos e quem consultou as informações.
9) O prazo de permanência das informações nos bancos de dados é de 15 anos.
10) O texto proíbe a anotação de informação considerada excessiva, que não tenha relação com a análise de risco de crédito ao consumidor. Não é permitido que haja no cadastro informações sobre origem étnica, sexual, sobre saúde ou convicções políticas e religiosas.
11) O banco de dados, a fonte e o consulente são responsáveis objetiva e solidariamente pelos danos materiais e morais que causarem ao cadastrado.
Vejo esta lei como uma iniciativa muito importante em tempos de vasta abertura de crédito direto ao consumidor.
Mas, obviamente, as críticas à lei de cadastro positivo se referem, principalmente, ao tempo de efetividade que o cadastro terá, pois os analistas acreditam que a real redução das taxas de juros passará a ocorrer apenas em dois anos a contar da promulgação da lei.
Além disso, há um temor de que passe a existir uma terceira classe de consumidor: nem bom pagador, nem mau pagador, apenas não incluído no cadastro positivo, e que não tem acesso ao crédito, o que, na prática, obrigaria o bom pagador a "solicitar" sua inclusão.
Gostei da iniciativa, mas sejamos francos: quem nunca cometeu o equívoco de atrasar uma ou outra continha? Por tal deslize, será que deixaremos de ser considerados pessoas aptas a adquirir crédito?
A lei é bem intencionada, mas um tanto quanto germânica, por assim dizer.
O lado bom da historia é que forçar-nos-á a iniciar uma "política nacional de educação financeira", matéria sobre a qual um dia vou postar (a importância da educação financeira).
Fica aí a reflexão.

Por que uma blogueira?

Falei para alguns amigos que tinha muita vontade de criar um blog.
Alguns perguntaram-me se seria um blog com conteúdo jurídico, em virtude de minha profissão (advogada).
Sim, alguns textos tratarão de temas jurídicos, já tenho até alguns esboços.
Não, o conteúdo não é exclusivamente jurídico.
Sou uma mulher de veia artística, escrever é minha paixão.
Sou advogada por profissão, leitora e escritora por paixão.
Já li tantos livros que perdi as contas, mas, em média, leia três livros por mês.
Tenho alguns autores preferidos, que circula sempre pelo meu quarto, mas não sou preconceituosa. Querem me dar um presente que me fará sorrir? Um livro, uma revista, ou uma cruzadinha já serve!
As letras me encantam, a linguagem me encanta.
Por isso, resolvi virar blogueira.
Não tenho grandes expectativas, estou apenas transmitindo ao mundo um pouquinho da minha alma.
Sejam felizes e comentem meus textos, o material servirá para novas produções e eu serei mais feliz também!
Mil beijos a todos,
Daia Literária.

Do Livro Para Minha Filha

"Filha: queria poder evitar a dor da aprendizagem, mas sei que privaria você do prazer de aprender. Queria evitar a dor das primeiras frustrações amorosas, mas eu privaria você da maturidade que o sofrimento traz. Queria poder evitar os obstáculos que, sem dúvida, surgirão, mas privaria você do orgulho de superá-los e, assim, de descobrir seu próprio poder de mulher". Linda Waiss

Flores do deserto



Domingo passado estava eu deitada na frente do sofá, já sofrendo aquela típica depressão de fim de "findi" (você sabe como é: o que me reserva a próxima semana = pânico!), quando após zapear pelos canais da tevê fechada, encontrei uma boa pedida: um filme que contava a história de uma mulher guerreira.
Gosto dessas histórias, de pessoas que têm muita coragem para buscar seu lugar no mundo.
Pois bem, o filme Flor do Deserto é sobre a biografia da modelo somali Waris Dirie, que atravessou de pés descalços um dos desertos da Somália, até a capital do país, e de lá foi para Londres. Passou seis anos trabalhando como doméstica na embaixada da Somália, em Londres, e com o fim da Guerra Civil naquele país, os diplomatas tiveram de voltar para lá. Waris resolveu ficar em Londres e buscar uma vida melhor.
Ela é linda, um estouro (agora estou parecendo uma "idosinha", né, "um estouro").
Sofreu muito, acabou sendo descoberta lavando o chão de uma lanchonete, e só pôde viver tudo isso porque foi ajudada por uma grande mulher, de coração bom, que ficou sua amiga e a acolheu em seu apartamento.
Mas, bem, até aqui, nada de novo. Muitas pessoas têm histórias de vida com grandes viradas, fruto da coragem pessoal combinada com um bom networking.
O que me mobilizou a escrever sobre esse filme é reflexão do final: quando a modelo dá uma entrevista para a Vogue, e responde quando foi o dia em que sua vida mudou, ela dá uma resposta inesperada.
Fala que sua vida mudou quando tinha três anos, e foi submetida à circuncisão feminina.
Em resumo, foi levada para o meio do deserto e uma mulher mais velha de sua tribo nômade removeu seu clitóris com uma lâmina (aquelas "giletes" que usávamos para apontar lápis, no tempo de nossos pais), depois removeu os pequenos e grandes lábios de sua vagina, e, para finalizar, costurou tudo, deixando somente um buraquinho para a menstruação... Depois, para tornar tudo ainda mais ultrajante, quando a mulher tem a menarca, é obrigada a se casar com quem seus pais mandam, e o maridão vai lá e corta a "costura", agora certo de que a mulher é virgem!
Waris nos faz refletir sobre o que é ser mulher.
E eu passei a refletir muito sobre isso...
É um costume bárbaro esse, que só pode acabar com os desejos da mulher de ser amada, de fazer amor, de ter prazer, mas vocês, amigos leitores deste post, nunca pararam para pensar que nossa sociedade ocidental também não reflete sobre o significado de ser mulher?
Quantas neuras ainda rondam sobre a sexualidade feminina, não sejamos cegos!
Não estou aqui querendo fazer apologia à promiscuidade, não pensem isso.
Mas acredito que cada mulher deve ter autonomia sobre seu corpo, autonomia total, deve entregá-lo com amor quando quiser, para quem quiser, ou nunca entregá-lo, se não quiser! Aí é que me refiro...
Gostaria de receber comentários de muitas mulheres e homens sobre este post, quero ouvir de todos o que significa ser mulher.
Este é um conceito tão belo, tão aberto e tão divino.
Ser mulher é ser uma flor, sim. Um abraço a todas as flores, principalmente a todas as flores do deserto, sem nome, sem cor, esquecidas e sofridas.
Compartilho compaixão por todas.
E para você, o que é ser mulher?