terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Amor, cuidado e sonhos bons

Acabei de passar por uma cirurgia plástica de lipoescultura. Havia cinco anos que pensava, seriamente, em me submeter a isso, mas foi apenas neste ano que tomei coragem e realizei algo que queria muito.
Mas, claro, é um procedimento cheio de riscos, com um pós-operatório complicado, e, enfim, dá uma ansiedade e um medo danados quando se aproxima a hora de efetivar a cirurgia.
Bem, um dia antes de fazer a cirurgia, tive um sonho bom. Bom nada, maravilhoso!
Um sonho reconfortante e que me encheu de segurança para seguir em frente com a decisão que tomei.
Sonhei que era adolescente, e minha bisavó me cuidava, como me cuidou, de fato, quando era criança.
Morávamos em um sítio da nossa família, mas o lugar estava completamente diferente, no sonho.



Minha bisa havia plantado um jardim lindíssimo, com lírios, flores do campo coloridinhas, margaridas e muitas, muitas grinaldas de noiva. Grinalda de noiva é minha flor preferida.
Eu chegava em casa, minha bisa me dava um grande abraço, e, juro, acordei com a sensação do abraço da minha vovozona (sim, a bisa Nerina era igualzinha à Vovozona do filme...), e o perfume dela.
A bisa Nerina me dizia: "Filha, vem cá ver a flor que colhi pra ti. Olha que coisa mais linda!" 
E era uma flor muito linda, linda mesmo. Era um rosa amarela, muito grande e aveludada, e no sonho, raios de sol brilhantes batiam naquela flor, e tudo parecia uma obra de arte se transfigurando na minha frente.
Acordei revigorada.
Não sou psicóloga, mas acredito que sonhei com isso porque me sentia muito frágil, naquela noite (por isso, sonhei que era adolescente, fase em que somos inseguros e cheios de dúvidas), e sabia que precisaria de muitos cuidados no pós-operatório, cuidados maternos, como os que minha bisa já havia me dado, na infância, e que estão sendo realizados, hoje, por minha mãe. Ai de mim, se não tivesse minha incrível mãe pra me socorrer nesse pós-operatório. Ela sempre diz: "Se não tivesses a mim, teria outra pessoa". Mas, ufa, eu tenho minha mãe, e ela tem sido a melhor, sempre. 
Por isso, sonhei com a bisa materna, o lado materno e feminino da família.
Mas, interpretações oníricas e amadoras à parte, principalmente, porque estão sendo prolatadas por uma advogada, o que mais me deixou feliz, ao despertar deste sonho, era uma certeza.
A certeza de que o amor é o sentimento mais forte e mais belo que um ser humano pode experimentar.
Somente através do amor, sentimos bem dentro de nós, que aqueles que amamos NUNCA morrem.
Enquanto existirmos, enquanto formos lúcidos, as lembranças dos carinhos, dos afetos, dos momentos maravilhosos que vivemos com as pessoas amadas são tão, mas tão fortes, que nos levam a crer que a existência daquela pessoa é infinita.
E É! É!
Quem ama, e ama de forma saudável, de forma real, sabe disso.
Não é apego, saudosismo, não é isto que estou falando.
Estou falando da sensação reconfortante de lembrar e reviver, de se emocionar e até chorar, mas chorar de saudade e emoção, não de desespero e terror, porque não temos mais a presença física daqueles que amamos conosco. Temos algo muito maior que um corpo: temos os momentos felizes compartilhados, temos aquilo que ninguém, nunca, poderá levar. Temos o amor dentro do peito.
Amor, aquele sentimento que não existe se não houver, no mínimo, dois. Amor, aquele que se compartilha, se guarda, se recorda, se revive, e é infinito.
Mais um ano se encerra e eu tenho uma certeza: sou uma pessoa muito feliz, porque recebi muito amor nessa vida, de muitas fontes, e, por isso, tenho força para seguir sempre em frente, buscando distribuir um pouquinho do que recebi.
Em 2015, desejo a todos um ano cheio de amor. AMor verdadeiro, amor compartilhado.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

E já é Dezembro outra vez

Pois então, eis que chegamos a mais um dezembro.
Olha, compartilho com todos o meu cansaço físico. E minha imensa sensação de bem-estar emocional.
Sou o tipo de pessoa extremista, não consigo fazer nada pela metade, quando faço algo, é uma doação muito profunda.
Em todos os âmbitos da vida, sou assim.
Família, trabalho, amigos, amores, bichinhos, etc.
Mas até as minhas baterias enfraquecem. O corpo, muitas vezes, não acompanha o ritmo do espírito. Pelo menos, não o meu.
Não consigo cogitar sair para comprar presentes de Natal, organizar festas de final de ano, ou fazer as tradicionais saladas divertidas da ceia.
Nem me sinto disposta a ser o Papai Noel da casa. Embora essa tarefa seja bem divertida.
Sei lá, mas esses ritos e celebrações de festas não fazem mais tanto sentido, para mim.
Fico alegre em ver as decorações de Natal, nas ruas, lojas, nas casas dos amigos. Porém, a minha decoração de Natal, carrego no meu peito.
Meu trenó são meus pés, Papai Noel está dentro do coração, e os duendes são meus dedos, criando meu trabalho e doando meu amor pelo mundo.
Só de ter minha família e meus amigos em paz, bem, e por perto, já me satisfaz.
Foi um ano maravilhoso para mim, no âmbito do trabalho, da família e dos amigos.
Sobre o âmbito afetivo, foi mais um ano atrapalhado, com a grande diferença de que certas coisas não têm mais o poder de me fazer perder a fé nos relacionamentos afetivos. Sempre otimista! Pra titia, mas uma titia feliz!
Voltei para minhas duas casas, a casa da mamãe, e a Procuradoria.
Tudo isso me fez muito realizada e feliz.
Meus presentes foram dados, na forma de poder realizar minhas essência, por meio do meu trabalho, e pelo aconchego dos pais e dos amigos. Não existe nada de material que possa substituir ganhos como estes, nada, absolutamente nada.
Mas, nem tudo são flores. Deixei grandes amigos para trás, na cidade de Tramandaí, e uma outra rotina, bem diferente da que tenho hoje, e da qual, muitas vezes, sinto falta.
Pois por essas e outras, a maturidade me trouxe uma triste descoberta: não dá para ter tudo, é preciso desapegar de umas partes, para ganhar outras. E seguir em frente, sempre, sempre.
Ganhar ou perder, rir ou chorar, seguir ou ficar. 
Só o que une tudo isso é o poder de decidir.
Portanto, meus caros, mais um ano se encerra, e outro ano começará.
Diante da grandeza do tempo sobre nós, o meu único desejo para 2015 é seguir decidindo, trilhando meu caminho, desapegando, ganhando um pouco, perdendo um tanto, mas vivendo.
Grata por tudo, 2014.
Venha com tudo, 2015.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sobre livros de cabeceira



Bom, como o título deste blog é Daia Literaria,  há um sinal de que eu seja uma pessoa que aprecie literatura.
Confesso que já li muito mais, e literatura de qualidade. Clássicos da literatura brasileira, poesia, literatura estrangeira. E, óbvio, muitos bests sellers bem comerciais e bobinhos, porque a futilidade é ótima para o ócio criativo.
Atualmente, leio mais livros técnicos, e muitas e muitas decisões que me auxiliam a embasar minhas petições, em virtude da rotina de trabalho.
Mas, um leitor apaixonado, sempre é um leitor apaixonado.
Faz uns três anos que adotei um livro em particular como meu livro de cabeceira.
Leio e releio alguns contos que compõem esta obra, porque tenho uma identificação profunda com a temática deste livro.
A obra é "Mulheres que correm com os lobos - Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem", da psicóloga junguiana Clarissa Pinkola Estés.
"Mulheres que correm com os lobos" entrou na minha vida em um momento muito especial, no qual me reunia com outras mulheres e podíamos falar sobre nossas angústias e alegrias, realizações e frustrações, e podíamos ser nós mesmas, santas e loucas, sem sermos que precisamos julgadas. Havia um grande pacto entre nós, de sinceridade e amizade pura. Acho que preciso retomar minhas idas ao círculo feminino.
Parêntese fechado, este é um livro que retrata, por meio de mitos e historias contadas, todas na base da oralidade, por séculos e séculos de rodas de conversa, sobre o universo feminino, e a busca de se compreender o que, afinal, é este complexo ser denominado mulher.
Recomendo para todas as mulheres que buscam entender o feminino.
O feminino não se confunde com o feminismo, eis que este é um movimento político de afirmação de direitos de um gênero.
O feminino é a essência da mulher, com todo o potencial criativo da alma feminina.
No livro, temos contos de origem nórdica, de origem latina, alguns bem famosos, como O Barba Azul e O patinho feio, e outros nem tão divulgados na nossa cultura ocidental, como Vasalisa, A sabida e A Mulher-Esqueleto.
Todos esse mitos são esmiuçados na obra, e a autora vai desvelando a boa e velha "moral da historia" pelo viés da busca da mulher por sua alma feminina.
A essas alturas, deve haver algumas pessoas se perguntando coisas do tipo "Mas, afinal, onde entram os lobos nessa historia? E quem é a mulher selvagem"?
Sinto em decepcioná-los, a Lupo não patrocina a edição, e não, não há mulheres de espartilho e meias Loba, ilustrando o livro, e nem dicas de como se tornar uma mulher devassa e avassaladora.
Como ser Devassa, aprenda com a Sandy Lima.
Não.
Os lobos entram na identificação da mulher com a loba, porque esta fêmea é muito semelhante em comportamento à fêmea humana, principalmente na dedicação aos filhos, ao companheiro e ao grupo. Porém, ao longo do processo civilizatório, a mulher foi se descolando destes instintos e sufocando muito de sua criatividade. Foi perdendo sua essência.
O livro foi construído com base em vinte anos de pesquisas sobre mitos, contos de fadas, lendas do folclore e historias escolhidas, para que a mulher, ao lê-lo, pudesse se reconectar com os atributos saudáveis e instintivos do arquétipo da mulher selvagem.
É, convivo muito com pessoas acadêmicas, cheias de lustro e pompa, que adoram citar argumentos científicos e tentam, o tempo todo, explicar os fatos da realidade por meio de teorias e blábláblás.
Bem, acredito que, como espécie, somos animais, com razão, por certo, mas com sentimentos e instintos. Com alma, com amor e emoções.
E a mulher, nesse contexto, é a parte sentimental, introspectiva, e possui sua própria beleza e mistério, o qual, muitas vezes, perde-se nas duras teorias e filosofias masculinas.
Todos os dias reflito em quão mais feliz eu mesma poderia ser se conseguisse deixar a mulher selvagem seguir o fluxo da vida. Se conseguisse guiar-me mais pela minha natureza atávica, equilibrando com tudo o que aprendi no processo civilizatório.
Tarefa difícil.
Como estamos encerrando o ano de 2014, sei lá, quem sabe essa não será minha meta para 2015?
Mais um leitura que recomendo, para toda mulher corajosa e buscadora de sua individualidade, e para todo homem que não tiver medo de adentrar na floresta com a La Loba.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Uma pitada de leveza feminina: A lista de Brett

Estava eu saindo de uma audiência, quando me deparo com o livro da foto postada (A lista de Brett, de Lori Nelson Spielman), em uma vitrine de um café-livraria em Sapucaia do Sul.
Sabe, às vezes, é bem interessante encher a cabeça com uma historia leve, divertida, feminina, e que combina com a tua própria historia de vida.
Este livro é perfeito para mulheres na casa dos trinta, até quarenta anos.
Fala dos sonhos e desejos femininos, e todas as consequências que enfrentamos quando resolvemos realizar essas aspirações.
O livro traz o seguinte enredo: uma mulher de 34 anos, Brett, que tem uma relação maravilhosa com sua mãe, mas tem um pai ausente, perde a mãe e recebe como herança uma carta. Na carta, está uma lista de desejos feita por essa mulher aos 14 anos, lista esta encontrada por sua mãe, dentro da lata de lixo da protagonista.
A missão passada pela mãe da protogonista é: Brett somente receberá seu quinhão hereditário após cumprir todos os itens da lista de desejos que não foram cumpridos, até a data da leitura da carta, num prazo de um ano.
Aí, meus caros, imaginem-se no lugar da Brett: você escreve uma lista de desejos, aos 14 anos de idade, e agora, aos 34 anos, tem de cumprir um monte de metas e sonhos que nem sabe se quer realizar, nessa fase da vida!
Calcule o desespero da moça. E a raiva, medo, insegurança, ao ter de mudar de vida, num prazo de 12 meses, para receber uma puta bolada de herança. 
Bem, para mim, a melhor parte dessa historia é ver como, em certas ocasiões, precisamos de uma terapia de choque para seguir o coração da gente, realizar a nossa essência, e ver que, na realidade, é preciso muita garra e coragem para sermos nós mesmos, mas vale muito a pena...
O livro é ótimo, emocionante, cativante, principalmente se você for uma mulher na faixa etária dos 30/40 anos. Vai se identificar com muitas aventuras da Brett, parece até que vai ver a sua vida acontecendo, em algumas das páginas lidas.
Só pra aguçar a vontade de vocês, vou postar a lista da Brett. 
Ah, os comentários ao lado dos itens da lista foram escritos pela mãe da Brett, a citação é ipsis literis, galera. Não são meus comentários, embora eu teria feito exatamente os mesmos pitacos. Outro detalhe: todos os itens riscados foram metas atingidas pela nossa querida Brett. 
Agora, calculem tudo o que essa mulher passou pra receber alguns milhões (e essa parte é onde tudo acontece, a virada na vida da protagonista):
"Minhas metas de vida
1. Ter um filho, talvez dois
2. Beijar Nick Nicol
3. Ser líder de torcida. Parabéns. Osso era tão importante assim?
4. Tirar apenas A nas provas. A perfeição é superestimada.
5. Esquiar nos Alpes. Como nos divertimos!
6. Ter um cachorro
7. Dar a resposta certa na aula quando a irmã Rose me chamar e eu estiver conversando com a Carrie
8. Conhecer Paris Ah, temos tantas recordações!
9. Continuar amiga da Carrie Newsome para sempre!
10. Entrar na Northwestern Estou tão orgulhosa da sua determinação!
11. Ser simpática e agradável! Está indo bem!
12. Ajudar os pobres
13. Ter uma casa bem legal
14. Ter um cavalo
15. Participar de uma corrida de touros Nem pense nisso
16. Aprender francês Très bien!
17. Me apaixonar
18. Fazer uma apresentação ao vivo em um palco imenso
19. Ter um bom relacionamento com meu pai
20. Ser uma professora maravilhosa!"
Li o romance em dois dias, ele tem 359 páginas, e recomendo para alegrar a alma, refletir sobre teus anseios e sonhos não realizados, e encontrar forças para sigar teu caminho, seja ele qual for, da maneira que te faz mais feliz.
Empresto para quem quiser, é só pedir. Para dias chuvosos, ou não.
Bitocas

domingo, 26 de maio de 2013

Grata por tudo

Praticando a gratidão com a lista de pequenas coisas que me fazem feliz.
E você, já agradeceu hoje?

Beijar sapos de pelúcia
Tomar banho com um sabonete cheiroso
Dormir até acordar e estar com um grande amor ao seu lado
Ver a lua cheia aparecer no horizonte do mar
Escrever
Ler um bom livro
Rever os amigos
Entender
Perdoar
Dançar de rosto colado na batida da música
Ouvir música
Um bebê sorrindo
Um jardim florido
O casamento de um amigo
O nascimento do primeiro filho de um irmão
Ser tio pela primeira vez
Sapatos confortáveis
Um momento de justiça
Olhar que se cruza
Entusiasmo no rosto de alguém
Rir
Chorar
Respirar.

Saúde: a ciência relacional e Os Intocáveis

O filme Os Intocáveis, de Eric Toledano, produzido em 2011, na França, nos demonstra a importância das tecnologias leves na área da saúde.
As tecnologias leves em saúde são um modo de fazer, um processo de produção, de comunicação, de se relacionar com o outro, de acolhimento, de vínculos que conduzem ao encontro dos usuários com as necessidades de ações na saúde. 
Com certeza, saúde se produz com conhecimentos técnicos rígidos, com equipamentos e insumos sofisticados.  Contudo, sem abertura para conhecer as necessidades múltiplas de uma pessoa em processo de adoecimento, não teremos integralidade na ação. 

O filme Os Intocáveis é uma ótima pedida para todas as pessoas, sejam trabalhadores da saúde, ou não. 
É leve, trata de um tema extremamente árduo, que é a readaptação de alguém à vida cotidiana, após sofrer um acidente e ficar com sequela de tetraplegia. No início, você espera que seja mais um daqueles filmes pesados e que te fazem pensar que a vida não tem sentido nenhum. Que bom que a sensação dura uns dois minutos, porque o filme é uma poesia sobre a arte do encontro, de como faz diferença enxergar o outro como um ser completo e complexo, acima de estigmas. Recomendo. Você compreenderá o sentido de amizade verdadeira, gratidão e amor. 

sexta-feira, 19 de abril de 2013

A gestora dos sapatos vermelhos

Há uma lenda que conta a história de uma menina muito pobre, que não tinha dinheiro nem para comprar sapatos, mas acabou criando sapatinhos com retalhos, sapatinhos vermelhos.  Um dia, uma rica senhora adota a menina.  Ela passa a viver uma vida abastada, contudo infeliz. Nem seus sapatos vermelhos de retalhos ela pode usar, porque a rica senhora não permite. Afinal, aqueles sapatos não condizem com a nova posição social da menina...
Resumindo a história-quem tiver interesse, leia a lenda, na íntegra, no site feminino plural- no dia de sua crisma, a menina compra um lindo par de sapatos vermelhos, de couro legítimo, entretanto, amaldiçoados.
Mesmo sendo advertida a não usá-los, ela os usa, e os sapatos fazem com que ela dance sem parar.
No início, a menina gosta. Mas quando ela tem de pedir para que lhe amputem os pés, para que não morra de tanto dançar, ela sofre. Acaba voltando à condição de pobreza, tendo de trabalhar como escrava e sem os pés.
Seus pés dançam pelo mundo nos sapatos vermelhos.
O dia do trabalho se aproxima e penso nessa lenda, que mostra para as mulheres a lição de viver a criatividade típica feminina, pois os sapatos de trapos da menina não era nobres, porém eram fruto de sua expressão criativa.
Atualmente, meu trabalho é na área gestão administrativa.
Todos os dias, tenho de buscar meus sapatinhos vermelhos de trapos, pois é difícil não imitar os homens gestores, vez que a gestão feminina é algo recente.
É mais fácil seguir a cartilha masculina, mas as consequências disso são sentir-se usando os sapatos malditos: lindos por fora, doloridos demais para serem usados pelo resto da vida. Não dá para fingir um processo de trabalho com características totalmente alheias à individualidade multifacetada de uma mulher o tempo todo, sem que isso resulte em sofrimento.
Meu trabalho exige planejamento, análise e conhecimento técnico.  Essa é a parte rígida e necessária ao fim de se atingir resultados.
O que expressa meu complexo e feminino ser são as maneiras que busco criar para executar tais tarefas.
Cansa bastante não perder o foco, sem deixar de ser uma mulher criativa, antes de qualquer coisa.
Todavia, acredito que a exuberância de meu ser transparece em minhas ações e rotinas executadas, quando me conecto comigo mesma e com meus colegas, subordinados e superiores.
É possível trabalhar vestindo a persona corporativa, cumprindo protocolos e regras, sem deixar de ser eu mesma.
O trabalho não é somente fonte de renda e meio de sobrevivência, para mim e todos aqueles que já alcançaram alguma organização e independência financeira.  É uma forma de expressão de si mesmo, nos modos de criar externados dia após dia.
Por isso, sou feliz por trabalhar conectada ao que me move, contribuindo com a grande rede que é o SUS, sem deixar de ser uma mulher bastante feminina,  em um cargo de gestão.
No dia do trabalho que se aproxima, agradeço a todos que acreditam em meu potencial laborativo e criativo, desejando que muitas outras gestoras assumam seus sapatos de trapos manufaturados em tecido vermelho.