sexta-feira, 19 de abril de 2013

A gestora dos sapatos vermelhos

Há uma lenda que conta a história de uma menina muito pobre, que não tinha dinheiro nem para comprar sapatos, mas acabou criando sapatinhos com retalhos, sapatinhos vermelhos.  Um dia, uma rica senhora adota a menina.  Ela passa a viver uma vida abastada, contudo infeliz. Nem seus sapatos vermelhos de retalhos ela pode usar, porque a rica senhora não permite. Afinal, aqueles sapatos não condizem com a nova posição social da menina...
Resumindo a história-quem tiver interesse, leia a lenda, na íntegra, no site feminino plural- no dia de sua crisma, a menina compra um lindo par de sapatos vermelhos, de couro legítimo, entretanto, amaldiçoados.
Mesmo sendo advertida a não usá-los, ela os usa, e os sapatos fazem com que ela dance sem parar.
No início, a menina gosta. Mas quando ela tem de pedir para que lhe amputem os pés, para que não morra de tanto dançar, ela sofre. Acaba voltando à condição de pobreza, tendo de trabalhar como escrava e sem os pés.
Seus pés dançam pelo mundo nos sapatos vermelhos.
O dia do trabalho se aproxima e penso nessa lenda, que mostra para as mulheres a lição de viver a criatividade típica feminina, pois os sapatos de trapos da menina não era nobres, porém eram fruto de sua expressão criativa.
Atualmente, meu trabalho é na área gestão administrativa.
Todos os dias, tenho de buscar meus sapatinhos vermelhos de trapos, pois é difícil não imitar os homens gestores, vez que a gestão feminina é algo recente.
É mais fácil seguir a cartilha masculina, mas as consequências disso são sentir-se usando os sapatos malditos: lindos por fora, doloridos demais para serem usados pelo resto da vida. Não dá para fingir um processo de trabalho com características totalmente alheias à individualidade multifacetada de uma mulher o tempo todo, sem que isso resulte em sofrimento.
Meu trabalho exige planejamento, análise e conhecimento técnico.  Essa é a parte rígida e necessária ao fim de se atingir resultados.
O que expressa meu complexo e feminino ser são as maneiras que busco criar para executar tais tarefas.
Cansa bastante não perder o foco, sem deixar de ser uma mulher criativa, antes de qualquer coisa.
Todavia, acredito que a exuberância de meu ser transparece em minhas ações e rotinas executadas, quando me conecto comigo mesma e com meus colegas, subordinados e superiores.
É possível trabalhar vestindo a persona corporativa, cumprindo protocolos e regras, sem deixar de ser eu mesma.
O trabalho não é somente fonte de renda e meio de sobrevivência, para mim e todos aqueles que já alcançaram alguma organização e independência financeira.  É uma forma de expressão de si mesmo, nos modos de criar externados dia após dia.
Por isso, sou feliz por trabalhar conectada ao que me move, contribuindo com a grande rede que é o SUS, sem deixar de ser uma mulher bastante feminina,  em um cargo de gestão.
No dia do trabalho que se aproxima, agradeço a todos que acreditam em meu potencial laborativo e criativo, desejando que muitas outras gestoras assumam seus sapatos de trapos manufaturados em tecido vermelho.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Meditação do ônibus

Pratiquei a meditação do ônibus esses dias.
A técnica é bastante simples. 
Sente-se em uma parada de ônibus e fique apenas olhando e lendo o nome dos ônibus que transitarem por ali.
Pare para fazer isso por um bom tempo. 
Então, embarque em um ônibus e permaneça dentro dele até o final da linha.
Isso nos ensina a disciplinar a mente. 
A ansiedade é uma emoção que inicia da nossa incapacidade de, simplesmente, não conseguir deixar passar um monte de pensamentos inúteis e baseados em premissas muitas vezes falsas, bem como em nossa incapacidade de esmiuçar, até o fim, pensamentos, para ver se fazem algum sentido. 
No mundo, existem fatos e julgamentos que fazemos sobre estes fatos. 
Podem ser falsos ou verdadeiros. Para sabermos quais são falsos e quais são verdadeiros?
Faça uma série lógica de questionamentos.
 Se a resposta for não, a qualquer questionamento da série, bem, descarte a hipótese. 
Portanto, em um daqueles dias em que você estiver sofrendo de julgamentos automáticos sucessivos e incessantes, não pare e pense. Deixe todos passarem pela mente sem se importar com nenhum deles. 
Caminhe, respire, dance, limpe, ouça uma música.  Sei lá. 
Vai ter aquele momento de lucidez, quando você menos esperar.
Algum pensamento vai fazer sentido. 
Decante-o. Aguarde. Analise-o até o fim. 
De repente, a resposta poderá surgir.
Mas  a resposta surge quando todos os requerentes se calarem para que apenas um se manifeste.
Não existe o silêncio total da mente.
É impossível. 
O que existe é uma escolha daquilo que serve para você e faz sentido para você. 







segunda-feira, 1 de abril de 2013

Blogueira outra vez

Eis que fui salva por um smartphone.
Retorno à vida de Blogueira.
As aulas de ritmos latinos ajudaram bastante na minha adaptação à nova vida de moradora solitária no litoral norte dos pampas.
Mas, não adianta mesmo.
Cada um tem sua forma única de diversão.
A minha é reflexão aleatória. 
Ultimamente, ando decantando alguns acontecimentos bombásticos.
Nada em nível de política internacional, e pra quem me conhece, sabe que não dá nem para comentar. 
Então, digo que voltei a tecer comentários sobre cultura inútil e útil. 
Amanhã eu vou falar de música. 
Hoje eu só quero contar que voltei.
Aguarde e confie.